A função paterna

É a função da lei, da regra, da disciplina. E precisa ser firme e sólida. É preciso instalar em casa um sentido de “nesta casa tem lei, tem costumes, tem jeitos de se organizar, agradável, democrático ou não, mas tem”. A lei do “pai” tem para a criança um efeito extremamente tranqüilizador. Essa lei está relacionada com o limite, com o cuidado. O que é limite? É cuidar. Quem não coloca limites possibilita ao filho a ideia de que não está sendo cuidado. Por isso o limite é tão positivo, adequado e necessário.
E o limite só pode ser instalado com autoridade. Sem autoridade é impossível instalar valores básicos do convívio, como respeito, generosidade, consideração, cooperação e solidariedade.
Contudo, os pais temendo serem vistos como castradores, repressores e autoritários deixam de exercer a autoridade que lhes cabem e passam a ser permissivos. Com medo de frustrar os filhos, lhes dão o que pedem e não percebem que em longo prazo isso não será entendido como amor e sim como falta dele.
Há, também, o medo do ódio do filho. Quando se fala um não nenhum filho reage com agradecimento ou entendimento de que aquilo é para o seu bem, mesmo que os outros lhe gritem isso. Os filhos não têm noção do certo ou errado, filhos são imaturos e não o percebem. Por isso ficam tão nervosos quando o não lhes é dito, reagem mal, ficam emburrados, reagem com ódio, dizem palavras que machucam os pais. Mas se os pais agüentarem o ódio com autoridade e não com autoritarismo, irá passar. Precisamos lembrar que os filhos aprendem mais com nossos atos do que com nossas palavras. E todos os pais buscam ensinar os filhos a terem calma, a esperar as coisas acontecerem e na hora que os filhos lhes demonstram sentimentos hostis reagem aquilo com imediatismo tentando recuperar rapidamente o que precisa de tempo para passar.

A diferença entre autoridade e autoritarismo repousa exatamente nisso. A autoridade diz o não, ouve / agüenta o ódio e mantêm a decisão. Com isto, a raiva do filho passa, o filho vai se acalmar e aos poucos de um jeito um pouco brusco no início vai se re-aproximar. O autoritarismo diz o não e não ouve / não agüenta o ódio (manda calar a boca, engolir o bico, batem e etc). Por que agem assim? Porque não agüentam o ódio, sentem-se realmente odiados pelo filho naquele momento e se perdem.
E não é tão difícil sabermos quando estamos perdidos. Quando gritamos, nos descabelamos com os filhos, nós o fazemos não para ele ouvirem. Mas sim para nós mesmos nos ouvirmos e nos convencermos daquilo que estamos dizendo aos berros.
Algo que acontece em todas as famílias normais. Todos berram, se descabelam, batem, se perdem. Às vezes isso é até necessário, porque só se perdendo é que se pode encontrar. E sempre temos uma segunda chance, os filhos nos perdoam tanto quanto nós os perdoamos. O que é necessário é ter alguém, o “pai” que reúna e converse, coloque as ideias a limpo, negocie e recoloque as coisas no lugar. Não dá para esperar que os filhos façam isso, apesar de que em muitas famílias é o que acontece. Porem, isso cabe ao adulto, é o adulto quem cuida, é o adulto a referencia. Se o adulto não procura para resolver é isso que o filho vai aprender, se o adulto não pede desculpas, idem e assim por diante. Quando a casa cai surge a oportunidade de ensinar que tem como resolver e isso possibilita que a função da família de manter a esperança seja alcançada, porque toda casa familiar cai vez ou outra e tem conserto!
Esta relação de autoridade tem que ser construída para quando seu filho estiver do seu tamanho ou maior que você a autoridade já estar representada dentro dele e não pelo seu porte físico, por isso é que se inicia na infância. 

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