Presente X Presença


Na correria do dia a adia nem sempre é fácil encontrar tempo para brincar com um filho, conversar com o conjugue, estar perto de quem se ama. O tempo vai passando, as faltas se cronificando e na tentativa de compensar a ausência, muitos pessoas presenteiam, não para comprar o outro (como é muito dito), mas para amenizar a falta. Contudo, é um método pouco eficaz. Pois nada substitui a presença de pais, marido, esposa ou amigos. O tempo é curto, mas pouco tempo vivenciado com qualidade, ou seja, estar com a pessoa com sua mente livre, deixando os problemas e outras necessidades de lado, é muito mais apropriado até do que um dia inteiro junto com a mente no trabalho. 

Luciana Gentilezza, psicanalista paulista, usou de uma idéia para explicar a diferença entre presença e presentes, segue abaixo:

"Imagine que você se perdeu no deserto do Saara, sol, fome, sede, medo, desespero foram os seus acompanhantes por horas e mais horas. Até que você é encontrado. Quando te resgatam a primeira coisa que recebe é um colar de pérolas. Não é o que você precisa, você precisa de água, comida, abraço, acolhimento, mas não pode reclamar, afinal é um colar de pérolas! Mas continua distante de sua necessidade verdadeira."

Na vida real, os presentes atingem a mesma finalidade, a maior parte das vezes o presenteado se cala, e até se envergonha de reclamar, afinal é um bom presente. Entretanto longe do que ele(a) realmente precisa, que é presença.

Amor próprio

Muitos pacientes e amigos também, me questionam o que significa amor próprio, auto-estima elevada, se aceitar. Acredito que Érico Veríssimo em Solo de clarineta, descreve muito bem esta idéia:

"O meu amigo mais íntimo é o sujeito que vejo todas as manhãs no espelho do quarto de banho. (...) Estabelecemos diálogos mudos, numa linguagem misteriosa feita de imagens, ecos de vozes, alheias ou nossas, antigas ou recentes, relâmpagos súbitos que iluminam faces e fatos remotos ou próximos, nos corredores do passado (...) enfim, uma conversa que, quando analisamos os sonhos da noite, parece processar-se fora do tempo e do espaço. (...) Sinto, no entanto um pálido e acanhado desconforto por saber que existe no mundo alguém que conhece tão bem os meus segredos e fraquezas, uns olhos assim tão familiarizados com minha nudez de corpo e espírito. Talvez seja por isso que com certa freqüência entramos em conflito. Mas a ridícula e bela verdade é que no fundo, bem feita as contas, nós nos queremos bem."

Isso é se amar! É conhecer-se bem, nas qualidades e defeitos e se gostar apesar delas. Quem se gosta assim, tem mais facilidade para amar aos outros também e aceitá-los como são.

O novo endereço do blog

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Por que escolher é tão difícil? O dilema da escolha profissional e outras....


A vida é feita de escolhas, cada escolha traz em si conseqüências, as quais podem ser boas e /ou ruins. Escolher envolve abrir mão de um caminho diferente, é deixar para traz uma opção, que nunca se terá certeza se seria ou não a melhor. Assim, escolher significa saber lidar com limitações: não podemos tudo, não sabemos tudo. Tal vivência pode ser frustrante, por mais natural e necessária que ela seja. Assim, escolher também significa se despedir de algo, vivenciar um luto pela perda da outra opção, enfim, não é pouco, por isso é tão difícil.
A definição clássica da adolescência é ser um período de transição entre a infância e vida adulta, sendo assim uma fase de grandes mudanças e aprendizagens. Na adolescência há três áreas principais que são atingidas: a vida física, a vida social e a vida familiar. Todas elas são complementares e diferentes para cada um.
É um período em que temas como a sexualidade, a gravidez, a AIDS, e o decidir a profissão tomam a mente. Se conseguir energia para estudar nesta época já não é fácil, imagine para decidir o futuro profissional. Visto por este ângulo, se angustiar é até uma necessidade.
Na adolescência começa a se construir uma percepção do mundo diferente, mais crítica, mais racional, características importantes para se alcançar a maturidade, só que é um processo lento, marcado por discussões, enfrentamentos, idas e voltas, enfim, dificuldades. Eles passam a ter uma percepção de um mundo novo, só que esse mundo é ele mesmo, é o descobrir seus desejos, sua personalidade, sua história. É descobrir quem ele é, sua visão de si mesmo e do mundo a sua volta.
Não é uma tarefa fácil. Por isso mesmo há tantas brigas e contrariedades. Eles lutam para se diferenciar, mas muitas vezes se esquecem de encontrar a si, ficam espelhados/ identificados com os amigos, a mídia, o externo.
Há duas perguntas que os jovens procuram responder: “QUEM SOU EU?” e “QUEM SEREI EU?”, o que significará conhecer a si mesmo, se reavaliar, para enfim, se comprometer com sua identidade. Descobrir “quem sou eu?” é o que possibilita a definição da identidade, e das escolhas futuras, sendo esta a principal tarefa da adolescência. Para tanto, ele se experimenta o tempo todo, ou seja, vive sempre no limite. Aos adultos parece que não pensa antes de agir, ou não pesa as conseqüências, e é isso mesmo, mas não por mau e sim por não terem espaço mental ainda para isto. Porque a mente está em conflito, cheia de crises internas que se mostram principalmente na esfera familiar.
Porém, o que é bacana, belo desta época é a inquietude, a curiosidade, a criatividade, a espontaneidade que são tão comuns a eles. Quando estas características são percebidas o descobrir quem sou eu fica muito mais fácil. E para uma boa escolha profissional se conhecer bem é o primeiro passo.
Se conhecer significa entrar em contato com a própria realidade: enxergar suas qualidades, capacidades, desejos, preferências e também limitações. Aceitar que se é diferente dos outros, mas tendo em vista que todos são. Alguém é igual? Não! E isto é bom, é saudável, aliás, é o que faz a vida ter encanto. O que não significa ser excluído, estar à margem.
É também identificar e valorizar o seu estilo, que é o modo próprio de uma pessoa se posicionar na vida. Valorizar isto é valorizar o seu desejo, algo importantíssimo. Quando reconheço o que desejo as escolhas tornam-se mais naturais, mais fáceis.  O que implicará em olhar para si, deixar o outro de lado e se enxergar. No mundo atual as exigências e o que é dito como bom/ adequado é muito pesado, dando sempre a impressão de que o do outro é melhor, “que a grama do vizinho é mais verde”. Há uma supervalorização do externo e um deixar de lado a si mesmo. Quando se entra nisso nenhum tipo de escolha é boa, todas são fracas, porque acontecem em nome de algo que muitas vezes nem é real.
Além desta identificação pessoal, a família e o meio social também contribuem nas escolhas da vida.
Cada pessoa pertence a uma família que tem uma história e características muito únicas. Tais como valores, modos de entender o mundo, ações e reações diante das circunstâncias e outras tantas. Todas essas constituirão bases significativas na orientação dos filhos. Pois os desígnios da existência dependem não somente do conhecimento que o jovem tem de si mesmo, mas também do conhecimento dos projetos dos pais, da identificação e do sentimento de pertencimento com este grupo, do valor que essas pessoas dão às profissões, e, finalmente, de que forma este filho utiliza e elabora tais dados.
O meio social, são os amigos, a escola, o momento histórico em que se está inserido. Tudo isto influencia a visão de mundo que um jovem tem e as escolhas que ele fará na vida. Em cada época há uma moda diferente, um status e valor únicos para cada geração. E comumente as escolhas da juventude se baseiam nestes conceitos, mas serão estes os melhores? Os que condizem realmente com que se é?
Fatores como renda, perspectiva de emprego, status associado à carreira ou vocação fazem parte do processo de decisão individual. Contudo, um exemplo de escolha nem sempre acertada recai na profissão que não mudou de status mesmo com o passar do tempo que é a medicina, vista e comentada como a mais pomposa, de maior status e que mais se ganha dinheiro. Entretanto, várias pesquisas comprovam o quanto se estuda muito, trabalha mais ainda e ganha pouco na visão dos médicos já formados. Quantos adolescentes escolhem esta profissão sem saber de tal realidade. Uma coisa é vocação /desejo por uma profissão, outra é pressão seja da família ou da sociedade, falta de tempo ou chance para descobrir suas habilidades. Quando as escolhas são feitas por estes termos a chance de infelicidade é grande.
Diante dessas idéias como pensar em uma profissão? Bem, para os adolescentes eu diria: leve em conta quem você é, sua historia de vida, sua personalidade, seus desejos, sua família e o grupo em que está inserido. Lembre-se que a vida não se resume ao que você vai exercer. A escolha tem que ser por você, não pelo que está na moda, ou dá mais dinheiro, ou mais status. Pois a escolha significará acordar diariamente para fazer aquilo e durante muitas horas do dia, e se for algo e você não gosta?
Para os pais eu diria: ouçam. Escutem o que o seu filho tem a dizer, agüente a indecisão, lembre-se que não é fácil decidir. E olhe para você (e tantos outros adultos a sua volta) sua escolha foi fácil, foi assertiva na primeira ou você também deu voltas? Em geral todos o fazemos. Ao invés de pressionar, acolha, isto ajuda o filho a se decidir.
E para todas as idades diria que dá pra mudar, nenhuma escolha (ou não todas) precisam ser definitivas, vocação é algo a ser descoberto, não está preestabelecido, e às vezes precisa de um bom tempo até ser percebida.
Finalizo com uma música que acredito conter a idéia de se conhecer, é da Zelia Duncan, se chama "Bom pra você"...





REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

BARTALOTTI, Otávio  and  MENEZES-FILHO, Naércio. A relação entre o desempenho da carreira no mercado de trabalho e a escolha profissional dos jovens. Econ. Apl. [online]. 2007, vol.11, n.4, pp. 487-505.
SANTOS, Larissa Medeiros Marinho dos. O papel da família e dos pares na escolha profissional. Psicol. estud. [online]. 2005, vol.10, n.1, pp. 57-66. ISSN 1413-7372.
WEINBERG, Cybelle (org). Geração delivery: adolescer no mundo atual. 2 ed. São Paulo:Sá, 2001.

Mudanças no blog

Logo, logo o blog mudará de endereço.... Passará a fazer parte do grupo de blogs do O Diário de Maringá....
Com isto, as postagens serão diárias, com pequenos textos durante a semana e um texto mais longo e aprofundado aos fins de semana... Aguardem, acredito que ficará beeem legal!!!!
Fernanda