Por que escolher é tão difícil? O dilema da escolha profissional e outras....


A vida é feita de escolhas, cada escolha traz em si conseqüências, as quais podem ser boas e /ou ruins. Escolher envolve abrir mão de um caminho diferente, é deixar para traz uma opção, que nunca se terá certeza se seria ou não a melhor. Assim, escolher significa saber lidar com limitações: não podemos tudo, não sabemos tudo. Tal vivência pode ser frustrante, por mais natural e necessária que ela seja. Assim, escolher também significa se despedir de algo, vivenciar um luto pela perda da outra opção, enfim, não é pouco, por isso é tão difícil.
A definição clássica da adolescência é ser um período de transição entre a infância e vida adulta, sendo assim uma fase de grandes mudanças e aprendizagens. Na adolescência há três áreas principais que são atingidas: a vida física, a vida social e a vida familiar. Todas elas são complementares e diferentes para cada um.
É um período em que temas como a sexualidade, a gravidez, a AIDS, e o decidir a profissão tomam a mente. Se conseguir energia para estudar nesta época já não é fácil, imagine para decidir o futuro profissional. Visto por este ângulo, se angustiar é até uma necessidade.
Na adolescência começa a se construir uma percepção do mundo diferente, mais crítica, mais racional, características importantes para se alcançar a maturidade, só que é um processo lento, marcado por discussões, enfrentamentos, idas e voltas, enfim, dificuldades. Eles passam a ter uma percepção de um mundo novo, só que esse mundo é ele mesmo, é o descobrir seus desejos, sua personalidade, sua história. É descobrir quem ele é, sua visão de si mesmo e do mundo a sua volta.
Não é uma tarefa fácil. Por isso mesmo há tantas brigas e contrariedades. Eles lutam para se diferenciar, mas muitas vezes se esquecem de encontrar a si, ficam espelhados/ identificados com os amigos, a mídia, o externo.
Há duas perguntas que os jovens procuram responder: “QUEM SOU EU?” e “QUEM SEREI EU?”, o que significará conhecer a si mesmo, se reavaliar, para enfim, se comprometer com sua identidade. Descobrir “quem sou eu?” é o que possibilita a definição da identidade, e das escolhas futuras, sendo esta a principal tarefa da adolescência. Para tanto, ele se experimenta o tempo todo, ou seja, vive sempre no limite. Aos adultos parece que não pensa antes de agir, ou não pesa as conseqüências, e é isso mesmo, mas não por mau e sim por não terem espaço mental ainda para isto. Porque a mente está em conflito, cheia de crises internas que se mostram principalmente na esfera familiar.
Porém, o que é bacana, belo desta época é a inquietude, a curiosidade, a criatividade, a espontaneidade que são tão comuns a eles. Quando estas características são percebidas o descobrir quem sou eu fica muito mais fácil. E para uma boa escolha profissional se conhecer bem é o primeiro passo.
Se conhecer significa entrar em contato com a própria realidade: enxergar suas qualidades, capacidades, desejos, preferências e também limitações. Aceitar que se é diferente dos outros, mas tendo em vista que todos são. Alguém é igual? Não! E isto é bom, é saudável, aliás, é o que faz a vida ter encanto. O que não significa ser excluído, estar à margem.
É também identificar e valorizar o seu estilo, que é o modo próprio de uma pessoa se posicionar na vida. Valorizar isto é valorizar o seu desejo, algo importantíssimo. Quando reconheço o que desejo as escolhas tornam-se mais naturais, mais fáceis.  O que implicará em olhar para si, deixar o outro de lado e se enxergar. No mundo atual as exigências e o que é dito como bom/ adequado é muito pesado, dando sempre a impressão de que o do outro é melhor, “que a grama do vizinho é mais verde”. Há uma supervalorização do externo e um deixar de lado a si mesmo. Quando se entra nisso nenhum tipo de escolha é boa, todas são fracas, porque acontecem em nome de algo que muitas vezes nem é real.
Além desta identificação pessoal, a família e o meio social também contribuem nas escolhas da vida.
Cada pessoa pertence a uma família que tem uma história e características muito únicas. Tais como valores, modos de entender o mundo, ações e reações diante das circunstâncias e outras tantas. Todas essas constituirão bases significativas na orientação dos filhos. Pois os desígnios da existência dependem não somente do conhecimento que o jovem tem de si mesmo, mas também do conhecimento dos projetos dos pais, da identificação e do sentimento de pertencimento com este grupo, do valor que essas pessoas dão às profissões, e, finalmente, de que forma este filho utiliza e elabora tais dados.
O meio social, são os amigos, a escola, o momento histórico em que se está inserido. Tudo isto influencia a visão de mundo que um jovem tem e as escolhas que ele fará na vida. Em cada época há uma moda diferente, um status e valor únicos para cada geração. E comumente as escolhas da juventude se baseiam nestes conceitos, mas serão estes os melhores? Os que condizem realmente com que se é?
Fatores como renda, perspectiva de emprego, status associado à carreira ou vocação fazem parte do processo de decisão individual. Contudo, um exemplo de escolha nem sempre acertada recai na profissão que não mudou de status mesmo com o passar do tempo que é a medicina, vista e comentada como a mais pomposa, de maior status e que mais se ganha dinheiro. Entretanto, várias pesquisas comprovam o quanto se estuda muito, trabalha mais ainda e ganha pouco na visão dos médicos já formados. Quantos adolescentes escolhem esta profissão sem saber de tal realidade. Uma coisa é vocação /desejo por uma profissão, outra é pressão seja da família ou da sociedade, falta de tempo ou chance para descobrir suas habilidades. Quando as escolhas são feitas por estes termos a chance de infelicidade é grande.
Diante dessas idéias como pensar em uma profissão? Bem, para os adolescentes eu diria: leve em conta quem você é, sua historia de vida, sua personalidade, seus desejos, sua família e o grupo em que está inserido. Lembre-se que a vida não se resume ao que você vai exercer. A escolha tem que ser por você, não pelo que está na moda, ou dá mais dinheiro, ou mais status. Pois a escolha significará acordar diariamente para fazer aquilo e durante muitas horas do dia, e se for algo e você não gosta?
Para os pais eu diria: ouçam. Escutem o que o seu filho tem a dizer, agüente a indecisão, lembre-se que não é fácil decidir. E olhe para você (e tantos outros adultos a sua volta) sua escolha foi fácil, foi assertiva na primeira ou você também deu voltas? Em geral todos o fazemos. Ao invés de pressionar, acolha, isto ajuda o filho a se decidir.
E para todas as idades diria que dá pra mudar, nenhuma escolha (ou não todas) precisam ser definitivas, vocação é algo a ser descoberto, não está preestabelecido, e às vezes precisa de um bom tempo até ser percebida.
Finalizo com uma música que acredito conter a idéia de se conhecer, é da Zelia Duncan, se chama "Bom pra você"...





REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

BARTALOTTI, Otávio  and  MENEZES-FILHO, Naércio. A relação entre o desempenho da carreira no mercado de trabalho e a escolha profissional dos jovens. Econ. Apl. [online]. 2007, vol.11, n.4, pp. 487-505.
SANTOS, Larissa Medeiros Marinho dos. O papel da família e dos pares na escolha profissional. Psicol. estud. [online]. 2005, vol.10, n.1, pp. 57-66. ISSN 1413-7372.
WEINBERG, Cybelle (org). Geração delivery: adolescer no mundo atual. 2 ed. São Paulo:Sá, 2001.

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